Angústia Existencial e Angústia Patológica
- perdaselutopsi
- 2 de jul. de 2024
- 2 min de leitura
Medard Boss em seu livro Angústia, Culpa e Libertação distingue angústia patológica da angústia existencial.
A angústia existencial é o desamparo para o qual todos nós somos jogados durante toda nossa existência, é o indeterminado, o não ter controle sobre a própria vida, sobre o futuro, o que pode ser assustador. Ao se deparar com a angústia existencial nosso primeiro movimento é o de busca por um abrigo, algo que não seja tão indeterminado, algo que seja posto, dado, certo. Ele vai se abrigar no “todo mundo”, no “a gente”, no “todos nós”. Ao encontrar abrigo no coletivo, ele encontra tudo aquilo que não estava determinado, ele encontra o “é assim que se faz”, “é assim que se pensa”, “é isso que se espera de você”, todas as referências são dadas pelo coletivo e ele se se sente seguro ao se enquadrar no “todo mundo”.
Ele agora está protegido, mas expõe-se ao risco de ficar preso no abrigo. “É como alguém que está num campo exposto a uma tempestade e, de repente, encontra uma casa onde pode ser abrigar; ele entra, bate a porta e, em seguida, descobre que a porta não tem maçaneta do lado de dentro que permita abri-la para poder sair de lá. Então aquilo que abriga também é o que o aprisiona”.
Quando nos lançamos no coletivo deixamos de olhar para dentro de nós, da nossa essência, daquilo que é propriamente nosso, de ser nós mesmos. Com todos nossos medos, inseguranças, receios e toda nossa vontade, alegria e autenticidade. Ao nos distanciarmos de nós mesmo nos tornamos estranhos dentro da nossa própria casa, do nosso próprio ser.
E o que antes era uma angústia existencial se torna uma angústia patológica. O que antes era o peso da existência, a indeterminação do futuro, se torna seguir aquilo que é esperado e imposto pelo coletivo.
É necessário um retorno a si mesmo, é necessário aceitar o movimento da vida, estar aberto e disposto a tudo aquilo que a vida lhe oferece, as incertezas, as mudanças, é estar confiante de ser você mesmo em um mundo cada vez mais de “todo mundo”.
Referência:
POMPEIA, João A.; SAPIENZA, Bilê T. Os dois nascimentos do homem. São Paulo, 2011.
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